A Congregação de Santa Cruz assume como núcleo central do seu Carisma a Missão da educação. Nas palavras de Pe. Moreau:
“nossa missão é a educação dos jovens, aliás, meio privilegiado de evangelização. Essa educação é a educação integral…, preparando-os para serem cidadãos responsáveis, bons obreiros da cidade terrena e da cidade celeste…”
A educação integral de Santa Cruz se sustenta em 4 pilares: educar a mente e o coração, levar esperança, construir respeito e promover o espírito de família.

Educar mente e coração
Educar mente e coração promove a integridade e a totalidade, cultiva o senso de equilíbrio na vida, encoraja e ensina comportamentos que refletem valores que podem transformar e influenciar o mundo. (GIALLANZA e WALSH, s/d, p.04).
Na tradição de Santa Cruz, mente e coração são tão entrelaçados que o desenvolvimento de um promove o do outro. Ainda mais, o desenvolvimento de cada um é necessário para o do outro. Sem educar a mente, não se tem a competência necessária para ver as muitas realidades em nosso mundo que precisam ser transformadas e, sem educar o coração, nunca teremos a coragem de agir em apoio a essa transformação. A educação constitui, assim, um processo em que a aprendizagem de conhecimentos está enraizada na formação e vivência de valores, transformando a mente e o coração do aluno, passo a passo, até atingir a sua plenitude humana. Assim, ele pode atuar em relação a si próprio e no mundo, de forma competente e em conformidade com os valores vivenciados.
Levar esperança
Não esperaremos por nada novo e não poderemos ver nada novo se não acreditarmos que há um futuro que vale a pena esperar. Vivemos em um mundo que precisa do testemunho daqueles que esperam, daqueles que estão convencidos de que há um futuro, daqueles que acreditam que o mundo pode ser transformado pessoa por pessoa. (GIALLANZA E WALSH s/d, p. V j 10).

Esperança é fruto da confiança, do latim, com+fides, literalmente, “com fé”. A fé emana da experiência da Cruz de Cristo, fundamento do lema da Congregação de Santa Cruz, “AVE CRUX, SPES UNICA”, traduzida como “SALVE CRUZ, NOSSA ÚNICA ESPERANÇA”, que culmina na Ressurreição.
A esperança nos dá a coragem de ser, de correr riscos e confere significado a todos os nossos esforços e realizações neste mundo. Educar, nessa perspectiva, é a arte do enfrentamento dos limites humanos, por meio da aquisição de conhecimento e valores que ajudem a melhorar nosso próprio viver e a vida do mundo.
Como educadores, a esperança é a força que nos entusiasma no propósito de promover experiências humanizadoras que despertem as novas gerações para o cuidado com a vida, com o planeta e na promoção da dignidade humana. Mesmo diante das adversidades, é fundamental permanecer firme no compromisso de orientar, inspirar e capacitar, educando para o bem, a paz e a solidariedade.

Construir respeito
O respeito está enraizado na dignidade a que cada ser humano tem direito. Construir respeito promove o cuidado, por meio do reconhecimento dos dons e das realizações de cada um. Reconhece a riqueza da diversidade, pela aceitação e valorização das diferentes habilidades e realizações. Ao caracterizar nossas interações no ambiente educativo, o respeito é um poderoso instrumento para a construção da autoestima, a superação de limites e a construção da autonomia.
Para Santa Cruz, o conceito de respeito está enraizado no sentido que confere ao termo zelo:
“…Educadores animados pelo espírito do zelo assumem suas obrigações com garra, afeição, coragem e perseverança […] e somente são felizes quando seus estudantes progridem no conhecimento e na virtude”
Pe. Moreau
Zelo é o fervor que nutre o compromisso de cada educador e cada educando em fazer tudo o que for necessário para a melhor educação, é exigência que impõem a si mesmos os que abraçam a nobre tarefa de educar, na busca da excelência em tudo o que fazem, encontrando mil maneiras para colocar em prática seus objetivos.
Ser família
O trabalho educativo em uma escola de Santa Cruz é uma obra coletiva, sustentado por um espírito de cooperação e colaboração que se traduz em um ambiente de serviço generoso que atinge e inclui cada integrante da escola.
“Para termos sucesso neste importante trabalho, nós precisamos ser tão intimamente unidos que formamos uma só mente e um só coração”
Pe. Moreau

Ao descrever o espírito de união que deve caracterizar o ambiente educativo de uma escola de Santa Cruz, Moreau recorre à imagem da família.
“Ser família promove compaixão e amor, reconhece o valor de cada indivíduo, oferta apoio por meio de relações saudáveis e generosas, aceita os outros sem julgamento, cultiva um ambiente de hospitalidade.” (GIALLANZA e WALSH, s/d, p.08).
A marca da união na família é a gratuidade, o cuidado mútuo, o esforço contínuo e radical. Uma comunidade educativa que cultiva e revela em seu trabalho o autêntico espírito de família promove a compaixão, o amor, conformando um ambiente ideal para o pleno desabrochar da vida.
O aluno que formamos
Os destinatários do trabalho educativo são os alunos. Moreau, quando se refere ao percurso a ser trilhado pelo educador junto ao aluno, afirma que:
NÓS COMEÇAMOS DE ONDE O ALUNO ESTÁ (MOREAU, 2013, p.28).
O educador começa pelo reconhecimento da singularidade e do ritmo de cada um. Essa diversidade traz, simultaneamente, riqueza e desafios para o processo educativo. A riqueza reside no reconhecimento da dignidade de cada pessoa e na valorização das diferentes aptidões. Os desafios residem na multiplicação de situações e recursos educativos que a escola e os educadores precisam mobilizar diariamente.
Dos alunos espera-se adesão consciente a esse esforço educativo, à medida que progridem.
Os estudantes devem reconhecer e saber que estão num ambiente que os conduz a um crescimento intelectual e espiritual, ambiente que os desafia a este crescimento (GIALLANZA, 1996, p.08).
Devem abraçar o desafio de construir um projeto de vida pautado na educação da totalidade de seu ser e se preparar com todos os recursos acessíveis em seu tempo para se desenvolverem plenamente e poderem construir o futuro que vão viver. Devem cumprir seus deveres, pleitear seus direitos, cultivar relacionamentos saudáveis, adquirir consciência das possibilidades e respeito aos limites do mundo em que vivem, influenciando-o positiva e produtivamente.
O egresso da escola de Santa Cruz deve ser um sinal para o mundo na medida em que vive, com lucidez e coragem, em todos os lugares e em todos os momentos, aquilo que ele foi na escola, contribuindo assim, de forma decisiva, para a construção de tempos melhores.

O educador de Santa Cruz
Na tradição de Santa Cruz, educadores são todos aqueles, religiosos e leigos, chamados a compartilhar, comprometer-se e unir-se na concretização da missão educativa da Congregação.
Moreau define o ofício de educar como
A ARTE DAS ARTES (Moreau, 2013, p.1.).
Por isso,
[…] um educador precisa necessariamente possuir diversas qualidades […] para ensinar com sucesso, o educador precisa conhecer bons métodos, ter habilidade para aplicar esses métodos, ter ideias claras, ser capaz de definir com exatidão e possuir uma linguagem facilmente compreensível e correta. (MOREAU, 2013, p.03).
No documento Pedagogia Cristã, Moreau explica que o sucesso da missão educacional de Santa Cruz depende de um conjunto de virtudes pessoais que qualificam o educador, as quais ele deve cultivar e aprimorar em si mesmo:
“[…] educadores são modelos de vida para seus alunos […] suas qualidades pessoais, como fidelidade, conhecimento, zelo, prudência, gentileza, paciência e firmeza o tornarão capaz de promover o desenvolvimento dos jovens alunos e colocar em prática a visão educacional de Santa Cruz de modo efetivo”
Pe. Moreau
As dificuldades são tratadas com serenidade, equilíbrio e firmeza. A coerência entre os preceitos e as ações projeta para os educandos o exemplo e o modelo vivo de seus educadores.

